The Meditations of the Quixote as a Humanistic Literary Critique
Abstract
Primeira obra publicada em formato de livro pelo filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955), as Meditações do Quixote (1914) são a primeira parte de um projeto que nunca chegou a se realizar da maneira prometida inicialmente pelo pensador. O breve ensaio seria somente o início de uma sequência de dez «meditaciones» ou, para usar um termo caro a Ortega e aos humanistas espanhóis do século XVII: «salvaciones». Ainda que o projeto não tenha sido totalmente realizado, esse texto, sozinho, foi conquistando (muito lentamente, diga-se) uma importância fundamental no pensamento literário espanhol e em outros países. Afirmo que essa influência foi predominantemente literária, porque filosoficamente a obra até hoje é colocada sob suspeita, considerada por muitos uma bela peça de retórica, mas carente de estrutura e rigor, de sistematização e método. Essa visão, bastante comum, é fruto de uma compreensão unilateral – ainda
que hegemônica – da palavra e do texto filosóficos, caracterizada por uma obediência estrita aos limites de uma linguagem puramente lógico-formal, conforme ao primado estritamente racionalista, de ordem platônico-cartesiana, da tradição dominante – aquela que se pauta pela busca de grandes verdades, universais e necessárias, da certeza absoluta e do conhecimento objetivo. Mas deixemos o afã classificatório e a ânsia de definições para os filósofos e teóricos. Meu objetivo aqui é de outra ordem.
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