O estatuto ontológico das entidades teóricas

Resumen

Que qualquer pessoa hoje em dia deva disputar seriamente que as entidades referidas pelas teorias científicas são apenas ficções convenientes, ou que o discurso sobre tais entidades é traduzível sem resíduos em um discurso de conteúdos sensoriais ou objetos físicos cotidianos, ou que tal discurso deva ser considerado como pertencendo a um mero dispositivo de cálculo e, portanto, sem conteúdo cognitivo — tais alegações me parecem tão incongruentes com a atitude e com a prática científica e racional que sinto que este artigo deva tornar-se uma demolição de um espantalho. Mas as concepções instrumentalistas de físicos destacados como Bohr e Heisenberg são muito conhecidas para serem citadas e, em um livro recente de grande competência, o professor Ernest Nagel concluiu que «a oposição entre as concepções [realista e instrumentalistas] [de teorias] é um conflito sobre modos preferidos de expressão» e «a pergunta sobre qual deles é a ‘posição correta’ tem apenas interesse terminológico». A fênix, ao que parece, não será posta para descansar.